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Fake News foi tema de Simpósio na faculdade Cenecista de Bento Gonçalves

Evento promovido pela Faculdade Cenecista em parceria com a Câmara Municipal reuniu comunicadores, profissionais, professores de comunicação social e direito para debater as implicações das Fake News na sociedade

  1. Publicado em 08/08/2019
Fake News foi tema de Simpósio na faculdade Cenecista de Bento Gonçalves

A Faculdade Cenecista em parceria com a Câmara Municipal de Bento Gonçalves, promoveu nesta terça-feira (6), o Simpósio para discutir sobre o fenômeno das Fake News e suas implicações na sociedade. O evento reuniu comunicadores, profissionais, professores de comunicação social e direito para debaterem o tema.

A mediação foi conduzida pela jornalista, apresentadora e coordenadora de Jornalismo da Rádio Gaúcha Serra, com 12 anos de atuação no Grupo RBS, Babiana Mugnol. A profissional observou que o jornalismo dedica tempo precioso para desmentir boatos, cumprindo seu compromisso de busca da verdade, de esclarecimento da população e assumindo uma função educativa de mostrar o impacto que uma mentira pode provocar à sociedade. "Mas se a população se conscientizasse do mal provocado pelo compartilhamento de notícias falsas, o jornalismo poderia investir o tempo que gasta  para averiguar uma informação que não se confirma em outras investigações relevantes para sua comunidade", pontuou.

Felipe Machado, jornalista e radialista da Rádio Difusora 890AM, com Pós-Graduação em Docência, avalia como fundamental o debate. "Vejo que é fundamental uma oportunidade como esta, de discutirmos um tema de tamanha relevância. Com a expansão das tecnologias e facilidades de acesso em redes sociais, infelizmente muitos usuários tem comportamentos questionáveis e até irresponsáveis. Todas as pessoas são responsáveis pelos seus atos e devem ter esta consciência. A disseminação de conteúdo falso, o compartilhamento, enfim, pode trazer sérias consequências. É hora da sociedade refletir e encontrar alternativas para um uso saudável das tecnologias”, enfatizou.

A professora Aline Corso, doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação na linha de pesquisa Mídias e Processos Audiovisuais, Mestre em Processos e Manifestações Culturais  na linha de pesquisa Linguagens e Processos Comunicacionais e Bacharel em Tecnologias Digitais, observa que o perigo das fake news reside em poder estar alimentando ou disseminando uma polêmica mesmo sem saber, já que elas não dependem dos fatos e sim da propagação de informações. "A dificuldade de identificar notícias falsas afeta até países com os melhores índices de escolaridade. A maneira mais efetiva de diminuir os impactos das fake news é cada indivíduo fazer sua parte, averiguando as informações, podendo recorrer a veículos de mídia tradicional ou agências especializadas em checar a veracidade de notícias suspeitas, as chamadas fact-checking (exemplo: Agência Lupa, Aos Fatos, Truco, UOL Confere, Boatos.org, E-farsas, etc.)", alerta.

O debatedor Matheus Barbosa, advogado, pós-graduando em Direito Administrativo e Gestão Pública pela Fundação Escola Superior do Ministério Público-RS, Pós-graduado em Direito Processual Civil pela Escola Superior da Magistratura Federal - RS. Bacharel em Direito pela Universidade de Caxias do Sul, entende que no ponto de vista jurídico é preciso explorar os aspectos e medidas penais sobre as condutas daqueles que criam e disseminam conteúdos inverídicos nas redes sociais. "Há que se falar também acerca dos limites dos direitos constitucionais relacionados à liberdade de expressão/manifestação, principalmente em ambientes virtuais" observou.

Liane Pioner Sartori, Bacharel em Direito pela Unisinos, advogada licenciada, mestre em Direito pela UCS, inspetora de Polícia e professora de Direito em Computação e Direito Penal falou sobre os reflexos da era digital. "Quando alguém lança um assunto em redes sociais, parece que todos têm que dar opiniões e compartilhar, mesmo sem ter certeza de que o assunto é verídico e sem qualquer preocupação com a imagem ou honra das pessoas. Quantas vezes vemos mídias com imagens de crianças  supostamente desaparecidas (dentre outros assuntos) na mídia, por exemplo? Ocorre que nem  sempre a notícia é verídica e atual, o que acaba prejudicando não só a própria imagem da pessoa (que pode até ser revitimizada, em alguns casos), mas também os órgãos efetivamente responsáveis pelo assunto. Apesar da liberdade de expressão  estar prevista na Constituição Federal, as manifestações devem respeitar o direito à honra e à  imagem das pessoas, sendo elas públicas ou não. Ainda, não se deve esquecer do direito à indenização, previsto sempre que alguém tiver algum dos direitos recém mencionados violados. E é nesse ponto que também  reside a importância  de discutirmos o assunto fake news" pontou a inspetora de Polícia.

O diretor da Faculdade Cenecista, Fernando Malheiros enalteceu a parceria com o Poder Legislativo de Bento Gonçalves em dar o suporte para promoção do Simpósio. " A faculdade Cenecista, está de portas abertas ao Legislativo, para proporcionarmos debates no mundo acadêmico, principalmente de assuntos tão relevantes nos dias atuais. Fake News é um tema polêmico, mas necessário de se debater", concluiu Malheiros. 

Para o presidente da Câmara, vereador Rafael Pasqualotto (PP), o assunto não é um assunto banal como muitos ainda encaram este assunto. "Quando a Câmara de Bento instituiu a CPI das Fake News, que ainda está em andamento, recebeu críticas sobre o papel dos legisladores, manifestações de que estariam perdendo tempo em um assunto tão banal, e eu afirmo e ratifico que não é um assunto banal. A denúncia de que um parlamentar teria cometido esse crime existiu, a CPI foi instaurada e a investigação segue. Também, estão nos noticiários que presidiários de dentro de uma cela, investigam a vida das pessoas nas redes sociais para aplicarem golpes, assaltarem, cometerem sequestros, vemos anúncios de produtos que não entregam, vemos discursos de ódio em cima de um fato inverídico, enfim, volto a dizer, é nossa responsabilidade estar atento e combater também esse mal que afeta a sociedade", salientou Pasqualotto.

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