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Em confinamento, atacante bento-gonçalvense relata mudança em sua rotina em Portugal

Com disciplina da população e rigorosidade nas restrições, o país se tornou uma exceção em meio a uma explosão de casos e mortes na Europa

  1. Publicado em 09/04/2020
Em confinamento, atacante bento-gonçalvense relata mudança em sua rotina em Portugal Foto: Kévin Sganzerla

Ao contrário de países próximos como Espanha, Alemanha, Itália e França, Portugal se tornou uma exceção diante da pandemia do novo coronavírus na Europa. Apesar da curva do número de casos e mortos permanecer subindo, os números registrados no país são consideravelmente baixos em relação aos países citados. O atacante bento-gonçalvense, Fabrício Dutra, de 21 anos, que está há sete meses atuando em Portugal pelo Valadares Gaia, da terceira divisão, enfatizou a rigorosidade do confinamento e a disciplina do povo português, que cumpre a rigor as recomendações impostas pelo governo. 

Situação da pandemia no país

Nesta terça-feira, dia 08, Portugal registrou o segundo dia com maior número de mortes por coronavírus. Ao todo, o país possui 13.141 casos confirmados, 380 óbitos e 196 pessoas curadas, segundo números da Direção-Geral da Saúde de Portugal. Nas últimas 24 horas, foram registradas 35 mortes. A faixa etária mais atingida no país é a de 40 a 49 anos.

A título de comparação, na Espanha, que faz fronteira com Portugal, o número de casos ultrapassa os 148 mil e já foram registradas mais de 14 mil mortes, 747 apenas nas últimas 24 horas, número que ultrapassa o total de óbitos em Portugal. Apesar da diferença populacional dos países, Portugal possui 37 mortes a cada 1 milhão de habitantes, enquanto que a Espanha conta com 316 mortes nesta mesma proporção. 

Confinamento rigoroso e disciplina 

O governo português está em estado de emergência desde o dia 19 de março, implantando de forma ágil o confinamento da população. Nesta semana, com vistas à comemoração da Páscoa, houve um endurecimento quanto às medidas de confinamento, com a prorrogação do estado de emergência por mais 15 dias, o fechamento de aeroportos até o dia 13 de abril, e a proibição de deslocamentos entre “concelhos” (cidades). 

Neste cenário, Portugal adotou a estratégia de realizar testes em massa à população. Já foram mais de 130 mil testes efetuados desde o dia 1º de março.  Além disso, o governo promoveu duas linhas de apoio, no valor total de 55 milhões de euros, destinadas para empresas que desejam converter a produção para materiais necessários no combate à pandemia ou que já o fazem. No total, o país já anunciou mais de 9 bilhões de euros em prol do combate ao novo coronavírus. 

O atacante de Bento Gonçalves, Fabrício Dutra, que iniciou sua trajetória na base Esportivo, está em sua primeira temporada atuando na Europa. O atleta atua no Valadares Gaia, da pequena cidade de Valadares, antiga freguesia (distrito) de Vila Nova de Gaia, da região do Porto, no norte do país. A região é uma das mais afetadas pela pandemia, com 551 casos confirmados em Vila Nova de Gaia, enquanto que no Porto, cidade próxima de Valadares, já conta com 730 casos. 

Foto: Divulgação

Diante da rigorosidade do confinamento, Fabrício afirma que o povo português se mostrou bastante disciplinado para cumprir as determinações do governo. “Todo mundo está em suas casas. O povo aqui está bem centrado nisso, respeitando muito bem, até porque se você não tem uma boa justificativa para estar na rua, a polícia vem e te aplica uma multa, então estão todos em casa e respeitando muito bem essa questão. Todos estão em alerta, principalmente aqui na região, que é uma das mais afetadas em Portugal. Estamos nos cuidando bastante aqui”, explica. 

A disciplina descrita pelo atacante é salientada, inclusive, pela fala do primeiro-ministro português, António Costa: "O comportamento dos portugueses, com raríssimas exceções, têm sido exemplar na autocontenção, na autodisciplina, quer das normas de afastamento social, quer de isolamento domiciliário»", comentou. em seu discurso na última sexta-feira. 

Mudanças na rotina de treinamentos:

Devido ao confinamento, Fabrício, que mora junto com outros três atletas em uma casa fornecida pelo clube, teve a sua rotina de treinos interrompida. “Mudou bastante, pois antes tínhamos uma rotina intensa e agora estamos só em casa. Estamos acatando o que o clube e a comissão técnica estão nos dizendo, então ficamos em casa e evitamos sair, no máximo ir ao mercado comprar o que é necessário, e nada de passeios”, comenta. 

Segundo o atleta, o clube está repassando aos atletas trabalhos para serem realizados em casa para manter o condicionamento físico. “Desde quando paramos o clube mandou uma planilha de treinos, de segunda a sábado, para a gente manter. Estamos seguindo essa rotina e estamos mantendo a nossa forma em casa do jeito que podemos. O clube nos passou diversas recomendações”, ressalta. 

Experiência no futebol português

O Valadares Gaia é um clube que possui menos de oito anos de existência, e que atua no Campeonato de Portugal, equivalente à terceira divisão do futebol português. Segundo Fabrício, nos primeiros meses a adaptação foi complicada, mas com a ajuda dos demais brasileiros no elenco, o atacante se firmou na equipe. “Estou há sete meses aqui e está sendo uma experiência muito boa. A questão do campeonato aqui é muito forte, muito agressivo, é um futebol mais intenso do que o nosso, então isso para mim, no início, foi um pouco difícil, mas já estou adaptado a forma de jogo. Encontrei muitos brasileiros aqui na equipe que me ajudaram bastante, e isso facilitou”, comenta. 

Antes de rumar para o futebol português, Fabrício havia atuado por clubes como Grêmio Sub-20, Metropolitano e Inter de Santa Maria, além do Esportivo, clube o qual o lançou ao futebol profissional. 

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