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Cristian de Souza comenta sobre a eliminação e avalia a campanha do Esportivo na Divisão de Acesso de 2018

Equipe Alviazul deu adeus à competição nas quartas de final do campeonato

  1. Publicado em 01/06/2018
Cristian de Souza comenta sobre a eliminação e avalia a campanha do Esportivo na Divisão de Acesso de 2018 Foto: Kévin Sganzerla

O Esportivo vai amargar em 2019 o seu quinto ano seguido na Divisão de Acesso, maior período da história do clube na equivalente segunda divisão gaúcha. Assim como no ano passado, a equipe bento-gonçalvense mais uma vez parou nas quartas de final da competição. Alterações forçadas, falhas em bola aérea defensiva, as quais pouco aconteceram durante a primeira fase, e um forte adversário jogando em casa foram algumas das circunstâncias citadas pelo técnico Cristian de Souza, que levou à eliminação precoce do Esportivo. 

Após a construção de uma vantagem de 2 a 0 em casa, restava o Esportivo parar os donos da casa, os quais estavam com 100% de aproveitamento na Bocado Lobo, para conquistar a classificação. No entanto, as circunstâncias do confronto se voltaram contra o Esportivo. No final, justamente a bola aérea, que era o ponto forte da equipe de Cristian de Souza, não funcionou contra os pelotenses e, em dois lances, a classificação do Esportivo foi perdida. 

Foto: Kévin Sganzerla

O técnico Cristian de Souza comenta sobre a eliminação e sobre as circunstâncias da partida que levou o Esportivo a ser eliminado, e avalia a campanha da equipe na competição. O técnico que, no comando do clube sofreu apenas una derrota, também fala sobre o seu futuro e sobre o que deseja para o Esportivo daqui para frente. Confira:

FML: QUAIS FATORES E CIRCUNSTÂNCIAS DA PARTIDA CONTRA O PELOTAS RESULTARAM NA ELIMINAÇÃO DO ESPORTIVO DA DIVISÃO DE ACESSO DE 2018?

Cristian de Souza: Pegamos realmente um adversário duro, sabíamos que o adversário, quando joga o seu segundo jogo em casa, cria inúmeras dificuldades para o visitante, não só dentro do campo de jogo, mas fora, são circunstâncias que já prevíamos. Nós fizemos um primeiro tempo, a meu ver, que estava controlado o jogo, até tivemos, antes do adversário, uma chance de abrir o placar, a gente não matou, o jogo foi transcorrendo dentro de uma normalidade, e não estávamos sofrendo tanta pressão, estávamos conseguindo também jogar. Tomamos um gol de bola parada, uma falta frontal, mas o jogo transcorria na normalidade. Acredito que as coisas começam a complicar no momento da nossa expulsão, nossa e a do adversário, acho que a nossa perda se mostrou maior no jogo. A única opção defensiva que eu tinha era colocar um zagueiro improvisado na lateral esquerda, e colocamos o João. O adversário percebendo isso colocou dois atacantes para jogar naquele lado.

No segundo tempo, tínhamos algumas trocas para fazer que vínhamos fazendo sempre, uma delas era a saída do Natan, e a saída do Diego Torres, os dois sempre vinham jogando descontados, tínhamos pré-estabelecido as trocas, mas essas trocas não conseguiram ser feitas. Tive que tirar o Jean Carlos e o Vinícius por lesão, então essa série de circunstâncias nos fez ficar muito frágeis no segundo tempo, principalmente na metade para o final do segundo tempo, que foi quando aconteceram os gols. Antes mesmo de tomar o segundo gol estávamos dando muito escanteio, muita falta, a arbitragem também ficou um pouco inclinada ao adversário pela pressão que ele recebeu no intervalo.

Na metade final do segundo tempo começamos a dar muita brecha, muito espaço, o adversário começou a ter muita bola parada, muita bola alçada na nossa área e erramos na bola parada defensiva. Era um ponto forte nosso durante o campeonato, para se ter uma ideia nos últimos oito jogos não tínhamos recebido nenhum cabeceio a gol em bola parada. Desta vez, é do futebol, as coisas deram erradas, erramos de forma coletiva, tomamos dois gols no final do jogo de escanteio, e é o futebol, ele é feito de erros e acertos, e quando se erra de uma forma maior que o adversário tu paga com o resultado do jogo. Lamentavelmente perdemos a vantagem que tínhamos construído em casa, não conseguimos ser equilibrados e pagamos pela classificação.

Foto: Kévin Sganzerla

FML: COMO EXPLICAR AS FALHAS EM BOLAS AÉREAS JUSTAMENTE EM UMA PARTIDA IMPORTANTE COMO ESSA DO JOGO DE VOLTA?

Cristian de Souza: Sempre trabalho muito a questão da bola parada, e não foi diferente nessa semana que antecedeu o jogo. Trabalhei ela novamente, trabalhamos no treino que fizemos em Pelotas, lembrei os jogadores também que quando houvesse as trocas, quem entrasse fizesse a função daquele jogador que saiu, então tudo isso é trabalhado, falado, e principalmente treinado. Mas o futebol é do momento, é da tomada de decisão do jogador, é das circunstâncias da partida. Por mais que você fale, treine, observe, chame a atenção dos jogadores, o futebol é o jogo do erro, e quando se erra, se paga o preço, nós erramos, é do jogo, faz parte. Lamentavelmente desta vez foi nós que erramos, e aí o resultado não foi ao nosso favor. 

FML: NO PRIMEIRO JOGO, O ESPORTIVO PODERIA TER SIDO MAIS AGRESSIVO APÓS A EXPULSÃO DO JOGADOR ADVERSÁRIO PARA TALVEZ AMPLIAR A VANTAGEM NO PLACAR?

Cristian de Souza: No primeiro jogo, quando tínhamos a vantagem do homem a mais, a expulsão foi lá aos 34 minutos do segundo tempo, eu coloquei um zagueiro a mais porque vínhamos recebendo muita ligação direta, muita bola parada, estava vulnerável. O Luiz Muller tinha feito uma defesa salvadora, quase tínhamos tomado o gol de bola parada, então pensa comigo, o treinador fica com aquele pensamento. A vantagem já estava construída, a gente jogava num jogo que 2 a 0 era uma boa vantagem, então ficou aquela dúvida: ou coloca mais um atacante ou coloca mais um nome de bola parada para reter e estancar para não tomar o gol em casa, que era muito importante. Um dos nossos objetivos era jogar o primeiro jogo e não sofrer gol em casa, não estávamos sofrendo naquele momento, estávamos com 2 a 0 no placar, então achei por bem corrigir aquela questão da bola aérea para não receber o gol em casa. Não recebemos, acho que o objetivo foi alcançado, foi uma vantagem importante, lamentavelmente não foi a necessária para trazermos a classificação. 

Foto: Kévin Sganzerla

FML: O QUE VOCÊ PENSA SOBRE AS ATITUDES DO CLUBE ADVERSÁRIO DENTRO E FORA DE CAMPO, COMO POR EXEMPLO DAS CONDIÇÕES DO VESTIÁRIO DO ESPORTIVO E DOS ACONTECIMENTOS RELATADOS EM SÚMULA? ISSO DE ALGUMA FORMA INFLUENCIOU DENTRO DE CAMPO?

Cristian de Souza: Tudo influencia. Basta você ver as pessoas que dirigem as equipes e você vai ver os comportamentos. O Esportivo já foi prova disso. Lá no Pelotas é um pessoal bem mais conservador, essas táticas, essas atitudes são antigas e são há muito tempo usadas no futebol gaúcho, lamentavelmente. Espero que a gente veja os últimos episódios e capítulos dessas histórias, desse tipo de postura das equipes. Hoje em dia tem outras coisas que são mais importantes, metodologia, qualidade de trabalho, tem muitas coisas que geram resultado, não só essas coisas que nem valem a pena serem detalhadas do que aconteceu.

Espero que a federação esteja atenta a isso, estive dando uma olhada na súmula e ela foi bem carregada a respeito disso, isso que o arbitro nem colocou o que aconteceu no nosso vestiário. Mas isso é algo que não gostamos, que a gente luta contra e que são os paradigmas do velho futebol que a gente tenta quebrar e muitas vezes até mesmo se paga um preço a nível individual e profissional por estar lutando contra isso. Espero que os clubes aprendam com isso e que a nova geração de treinadores e gestores, de imprensa, toda essa nova geração largue de mão isso, deixe de lado esse tipo de hábito e que pensem coisas mais produtivas, mais em prol da profissionalização e que essas velhas práticas fiquem de lado.

FML: COMO VOCÊ AVALIA A CAMPANHA DO ESPORTIVO NA DIVISÃO DE ACESSO?

Cristian de Souza: Divisão de Acesso são três competições dentro de uma. A primeira é aquela que as equipes ainda não têm os reforços, o Bandeira iniciou o trabalho com uma equipe mais jovem, o clube sabia que só ia ter os reforços a partir do final da primeira divisão do Gauchão. Quando cheguei, também chegou quatro a cinco atletas que acrescentaram bastante a nível de experiência e qualidade. Fizemos na segunda parte do campeonato um índice muito alto de pontuação, e que por incrível que pareça não podia ser diferente, caso contrário não íamos nos classificar. Viemos até o último jogo contra o Ypiranga com aquela atenção de não perder pontos, de não deixar escapar a vitória. Conseguimos, com essa elevada pontuação, a classificação e aí no mata-mata, pegamos a equipe de melhor campanha da competição, um adversário que em casa sempre foi muito forte. Era um novo campeonato, todo mundo do zero, isso é Divisão de Acesso. A prova está aí, as quatro equipes que vão decidir as duas vagas do acesso são equipes que têm continuidade, são equipes que jogam o ano inteiro ou que mantêm boa parte do grupo do ano passado. Veja você da importância da continuidade, futebol não tem mistério, é dessa forma que funciona. Essa é a nossa grande busca no futebol, não só aqui no Esportivo, mas em todos os lugares que a gente trabalha é a questão da continuidade.

Foto: Kévin Sganzerla

FML: QUAL É A IMPORTÂNCIA PARA O CLUBE ESPORTIVO DAR SEQUÊNCIA AO TRABALHO AGORA NESTE SEGUNDO SEMESTRE, PARTICIPANDO DA COPA FGF?

Cristian de Souza: Eles mesmos (dirigentes do Esportivo) sabem da importância do seguimento, independentemente se for o Cristian como treinador ou com o mesmo grupo de atletas, tem que haver um seguimento, tem que ter uma continuidade. Acredito que eles estejam buscando isso, é muito precoce ainda, mas acredito que será feito todo um esforço para tentar viabilizar a presença do Esportivo na copa, seria muito importante para o clube, seria eu digo até fundamental para pensar no ano do centenário. Nós aqui da cidade sabemos da importância que é para o Esportivo o centenário, e seria de vital importância a participação do Esportivo na copa do segundo semestre já visando a montagem do elenco para 2019, visando também, porque não, alcançar os objetivos da copinha. Acho importante ser levado à risca, agora eu sei das dificuldades de se fazer futebol neste momento que vive o país, a cidade aqui não é diferente, também está sofrendo muito com a falta de uma economia equilibrada, mas fica minha torcida que isso aconteça e que o Esportivo possa dar sequência esse ano.

FML: JÁ TEM PREVISÕES PARA O SEU FUTURO? 

Cristian de Souza: Nós que vivemos do futebol amarga meses de desemprego, até essa semana foi uma das minhas preocupações a nível de carreira. Tenho algumas conversas com clubes de outros estados, recebi nos últimos dias dois convites, estou conversando, claro que eu tinha mantido isso de lado na última semana, pois estava totalmente focado no Esportivo, no nosso objetivo, e a partir de agora voltamos a conversar com esses clubes para ver questões de detalhes, contrato, tempo de permanência, para ver se vou para um lado ou para outro. Ver também que talvez surge essa possibilidade do Esportivo dar sequência, surge de novo mais um convite, tenho muito carinho pelo clube, pelas pessoas que hoje comandam. Futebol é tudo muito dinâmico, as vezes o seu telefone toca, uma notícia nova te pega de surpresa, as vezes por bem, as vezes por mal, mas estamos aí prontos para trabalhar, amargando essa eliminação, aprendendo com ela também, para não próxima oportunidade ter a condição de aprender com os erros e afirmar os acertos.

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