Costelão Colorado em Bento no dia 08 de dezembro
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8 dias atrás
No rugby, a força dos atletas é medida em cada tackle, em cada ruck e em cada scrum. O Farrapos, desta vez, mediu suas forças em prol da comunidade de Bento Gonçalves, afetada pelas fortes chuvas dos últimos dias, auxiliando nos resgates de famílias atingidas por deslizamentos e pela enchente do Rio das Antes. Os treinamentos foram colocados em prática não dentro das quatro linhas, mas sim na linha de frente para salvar vidas, fazendo jus a um dos principais valores do rugby: a solidariedade.
Liderados pelo presidente e jogador do Farrapos, Daian Zonatto, atletas da equipe alviverde participaram dos resgates de diversas famílias nas comunidades ribeirinhas do Rio das Antas, as quais foram significativamente atingidas pelas fortes chuvas que ocasionaram enchentes e deslizamentos na Linha Alcântara e outras localidades do interior do município.
"Do jeito que a nossa comunidade abraça o clube, sem dúvida tínhamos que retribuir de uma forma mais expressiva. Tentamos nos fazer presentes com o máximo de pessoas possíveis e conseguimos executar a tarefa que nos foi passada. Fomos até um pessoal que estava isolado na Linha Demari. Abrimos caminho, deixamos caminhos demarcados para o pessoal com as motos e quadriciclos para poder acessar e levar remédios e mantimentos. Conseguimos passar detalhes para as famílias que lá estavam. Felizmente não encontramos ninguém sem vida", ressalta o mandatário do clube.
Apesar dos treinamentos intensos visando os campeonatos da atual temporada, Daian confessa que, mesmo sendo um atleta, o desafio encarado na linha de frente para o salvamento de pessoas não foi nada simples. "Achamos que sendo atletas ia ser fácil, mas foi sofrido. Caminhamos umas oito a nove horas morro acima, morro abaixo, mas no final a recompensa foi muito boa. Conseguimos retirar todo mundo que precisava com o auxílio do pessoal dos quadriciclos", relata.
O cenário que os atletas se depararam se aproximou ao de uma guerra pelas condições adversas e pelo rastro de destruição que as fortes chuvas deixou nas comunidades próximas ao Rio das Antas. "Nunca imaginamos passar por uma coisa assim. É um cenário horrível, depois que chegamos lá caiu a ficha que se tratava de um local perigoso. Tínhamos que passar por barreiras que caíram, com barro até a cintura. Mas a vontade de ajudar era bem maior. Não fizemos tanto quanto muita gente está fazendo, mas fizemos tudo que estava ao nosso alcance e ao que foi nos designado", pondera Daian.
Dentre os atletas que auxiliaram nos resgates está Marcos Civardi que, ao lado de voluntários do Parque Gasper, que cederam quadriciclos para os resgates das pessoas, atuou de forma significativa nos últimos dias auxiliando as famílias que se encontravam ilhadas em Bento Gonçalves. "Através de trilhas pela Eulália chegamos até o Vale Aurora, onde haviam famílias isoladas. Uma família tinha três pessoas e a outra estava em quatro pessoas e conseguimos, com a ajuda também dos jieiros, a evacuar essas famílias da área de risco. Tivemos que passar por deslizamentos, crateras. Depois fomos até a Linha Ferri para buscar uma senhora para retirá-la do local. Todos os dias resgatamos pessoas com os quadriciclos e auxiliando o Corpo de Bombeiros e as demais equipes de resgate", comenta.
No total, 987 pessoas foram resgatadas através do trabalho de bombeiros, órgãos de segurança, prefeitura, defesa civil e, sobretudo, voluntários, que arriscaram as suas próprias vidas para salvar inúmeras famílias que se encontravam em áreas de risco ou isoladas por conta dos deslizamentos e da enchente que assolou comunidades do interior de Bento Gonçalves.