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Estádio da Montanha: Glórias, abandono e renascimento

Histórico estádio completa hoje 70 anos de existência desde sua inauguração

  1. Publicado em 26/08/2015
Estádio da Montanha: Glórias, abandono e renascimento Brasil x Uruguai no sul-americano de Rugby/Foto: Kévin Sganzerla

O Estádio Dr. Getúlio Dornelles Vargas, mais conhecido popularmente por Estádio da Montanha, completa nesta quarta-feira, dia 26 de agosto, 70 anos de existência desde a sua inauguração. Palco de muitas conquistas do Clube Esportivo, o estádio tem por trás de suas arquibancadas, muitas histórias, além de ter recebido vários jogos memoráveis e muitos atletas renomados pisando neste gramado. Três fases definiram a trajetória até então deste grande símbolo de Bento Gonçalves: as glórias, proporcionadas pelo Clube Esportivo; o abandono, depois que o Alviazul mudou de casa, e por fim, o renascimento, entrando em campo outro esporte que por quase uma década, esteve mesclado com o futebol.

Apenas 22 anos depois de sua fundação (1919), no dia 24 de setembro de 1941 o Esportivo dava seus primeiros passos para construir seu próprio Estádio. Erny Hugo Dreher, presidente do clube na época, deu início a construção do estádio. No dia 19 de abril de 1942, foi lançada a pedra fundamental para a construção do mesmo. O Estádio da Montanha foi inaugurado no dia 26 de agosto de 1945, em jogo comemorativo contra o Atlântico de Erechim, partida a qual terminou com placar zerado. Cerca de 4 mil torcedores presenciaram a grande festa de inauguração, com direito a fogos, confetes e apresentação da esquadrilha de aviões de Caxias. 

Esportivo 0 x 0 Atlântico de Erechim - jogo de inauguração/Foto: Acervo Alviazul

 

O Estádio da Montanha foi a casa do Esportivo durante 59 anos. Neste intervalo de tempo, o clube conquistou muitos títulos, e teve seus principais anos de glória, como nos anos 70, a conhecida fase áurea do Alviazul, década que colocou o Esportivo dentre os maiores clubes do interior gaúcho, se tornando uma verdadeira potência no futebol do Rio Grande do Sul. Estádio que presenciou a neve, brigas, títulos, comemorações, atletas renomados, histórias memoráveis... Enfim, muitas glórias foram feitas dentro deste gramado. 

Estádio da Montanha com as cores do Esportivo

 

Porém, depois que o Esportivo inaugurou o seu mais novo estádio, o moderno Parque Esportivo Montanha dos Vinhedos, no dia 29 de fevereiro de 2004, o Estádio da Montanha foi esquecido. A grande euforia de ter inaugurado um estádio com uma capacidade gigantesca e com aspectos de estádios modernos foi marcante na história do Esportivo, afinal, todo clube gostaria de ter a infraestrutura de um estádio como a Montanha dos Vinhedos. Mas o mal de todo isso foi deixar para trás toda uma história, todas as memórias de um estádio em que viveu muito do futebol e das glórias do clube. O Estádio da Montanha foi literalmente abandonado, e suas instalações começaram a se despedaçar aos poucos e virar descaso. A troca de casa só incentivou ainda mais o clube dentro de campo, o qual conquistou nos anos 2000 a Copa RS, vaga para a Copa do Brasil (enfrentando o forte Fluminense em casa e no Maracanã), além de boas campanhas no Gauchão, mas perdeu um pouco da essência de sua história ao deixar a velha Montanha. 

Estádio da Montanha em tempos de abandono/Foto: Kévin Sganzerla

 

Com o Esportivo consolidado no Estádio da Montanha dos Vinhedos, a “velha” Montanha ganhava vida novamente. Ao contrário de muitos estádios de vários clubes do Brasil, os quais na maioria das vezes, depois de construir seus novos e modernos estádios, abandonam completamente as suas instalações antigas, em Bento Gonçalves foi diferente. Depois de 59 anos convivendo com o futebol, chegava à vez do Rugby entrar em cena. E mais uma vez a histórica Montanha se tornou ainda mais célebre depois de ganhar o título de primeiro estádio de Rugby do Brasil. O Farrapos começou a entrar em campo na velha Montanha, conquistando títulos e mais títulos. Com o passar do tempo, o Estádio foi se adequando ao novo esporte, ganhando várias reformas, dando brilho novamente as arquibancadas, as quais antigamente eram das cores do Alviazul e hoje recebem as cores do Farrapos. Mas não foi as reformas que deram vida a velha Montanha, foi a volta do público, a volta dos torcedores que ainda, mesmo torcendo por outro esporte, se fazem presentes nos velhos e históricos degraus do Estádio, o qual com certeza verá muitas histórias para serem contadas ainda. 

Kévin Sganzerla

 

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